terça-feira, 30 de outubro de 2018

brio inato de um marujo saudosista

as paixões rasas são tentadoras
mas do que me adianta mergulhar de cabeça
em pessoas que não me suportariam
se na verdade
só o infinito do a(mar) me atrai?

quinta-feira, 25 de outubro de 2018

sinestesia

externa do peito toda enfermidade,
afoga em liberdade
e veste seu melhor sorriso
que é para o mundo sorrir de volta, amigo

que abordagem doce a vida tem
quando se olha com amor
para tudo que tem cor
e entende que é necessário vir o que vêm

bata o nariz e sangre (eles dizem)
limpe o machucado e cante (eles tornam a dizer)

acenda uma fogueira e dance (eles dizem)
chame os amigos e canse (não cansam de me dizer...)

faça-se imperador da sua vida
e impere verbos que disseminem felicidade,
harmônia é ser feliz
sozinho para depois ser a dois.

segunda-feira, 22 de outubro de 2018

cabeças de poeira

se envolver é pintar um quadro em branco
com alguém que você tem afinidade,
é ter Basquiat te observando
e não ter medo de fazer amor ou arte.

é se sujar em meio ao arco-iris das palhetas
escolher verde musgo e ela achar a cor perfeita
e que até usaria um all star daquela cor
e olha, meu bem... verde musgo é um horror.

é moldurar qualquer ato de insana liberdade
que em retratos só há desejo
de ser tão forte como a saudade

é não deixar de ter cortejo
ou contar o ansiosamente o tempo
para pintar na boca saudosos beijos.

domingo, 14 de outubro de 2018

de vento em popa

a vida prepara o amor
como o filho planeja o susto
minuciosamente arquitetado
e em um segundo impactado.

o amor recíproco é um susto destrinchado
se extrair cada milímetro
verá espanto, raiva, suspiro e um riso anestesiado

é uma boa teoria
se parar pra pensar que só recebemos sustos
de quem nos dá além de um bom dia.

sexta-feira, 12 de outubro de 2018

void

o vazio assola,
sigo atordoado e me pergunto "pelo o que?"
me pergunto
e não é retórico.
a concepção do vazio seria apenas a ausência de algo
mas o vazio tem me consumido aos goles,
desconstruindo o que aprendi da palavra
o vazio preenche e pesa,
consome e
corrói.
o vazio realmente
assola.

domingo, 7 de outubro de 2018

paulista

cada qual em sua frequência:
uns acelerados
e outros mais calmos,
mas sempre em frequência
procurando a sintonia exata,
aquela que transforma
e torna homogênea
as duas em só uma
essência progressiva.