quarta-feira, 26 de dezembro de 2018

rotas

no toque tímido que mapeia o rosto
e segue abaixo seu caminho
a alma salta do seu corpo
e o toque faz-se puro prazer

ao compasso das nossas bocas
e os espasmos que se findam nas coxas
o suspiro é libertador
em meio ao melhor dos pecados

no silêncio que sucede a líbido
os alicerces são nossos corpos entrelaçados
enquanto a hora passa
eu não me canso de ser só com você.

domingo, 23 de dezembro de 2018

soneto do marujo poeta

o poeta faz fotossíntese à luz da lua
trocando com as estrelas
enfermos por epifanias brandas
que dão aos olhos o reflexo da noite.

o poeta salga no mar o corpo
como quem limpa a alma
em mergulhos catárticos
onde se afogar é suspiro colossal

o poeta se encontra ao se perder
nas linhas nuas do teu corpo
onde desaguam oceanos de prazer

o poeta é poeta ao ser,
ao escrever o que sente e vê
sem ter medo de viver ou sofrer.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2018

Autoperdão

O peso da culpa
Da embriaguez nua
De atitudes cruas
Mal vistas a sós.

Com a visão da vítima
Sobre o medo da crítica
Que não perdoou a dívida
Que deve a ti mesmo
Pelo próprio algoz.

Com o destino jogado
Sem nem um centavo
Sentia por todos
Amores aos lados.

Sequer um troco
Recebeu um pedaço
De amores trocados
Por sentimentos culpados.

domingo, 16 de dezembro de 2018

despina

meu bem esse teu mar não me da pé,
alias não da pé pra ninguém...
você é sereia
cantarolando desejos de ordinários
que molham os pés
e só percebem a água quando é tarde demais.
é imbróglio de sutileza na voz
e vazio atracado aos olhos
que encanta quem busca o infinito
mas morre na praia.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2018

o rugido da alma

As curvas do seu corpo
são convites sinuosos
que salgam minha língua com o suor
do maracatu que nos envolve,
suspiram brutalidade
onde por movimentos bruscos
tapas se transformam em juras de amor,
extraem no âmago da alma
o almejo que cansado exprime
a liberdade de toda uma selva em seu gemido.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2018

sinos

eu tenho tido quantidades excessivas
de dias cinzas na minha rotina
e venho preenchendo com as futilidades
que assombram mais um gênio incompreendido

eu tenho tido meus momentos profundos
derrocando com ideais rasos
e no contraste
eu tenho visto para além do meu descontentamento

eu tenho sido muito mais do mesmo
que um buraco negro já cansado consome
e eu não me encontro em lugar nenhum:
nem trabalhando, estudando ou por aqui

os meus versos não são alexandrinos,
decassílabos ou sequer lidos vorazmente
mas são eles que me mostram o caminho
e que há beleza em ser sozinho.

sábado, 1 de dezembro de 2018

do alto do meu convés

ensaio do meu caís
velejar o mundo sem olhar pra trás
confiante que meu farol
me trará luz quando precisar

enterro em mim
o passado que não me pertence mais
e busco em novos mares
sete amores que supram minhas dores

em meio a tempestade os raios traçam o caos,
percebo então que onde ancorasse
teria que ser análogo a paciência.

anestesiado à rotina de quem já não vive
existo exacerbadamente em quantidades cinzas
à deriva do criador.

terça-feira, 27 de novembro de 2018

Quem eu sou?


Você me confunde
Você me permeia
Você é algo que nunca voltará embora nunca tenha partido

Você é a saudade
Você é a lembrança
Você é algo que recorro para lembrar da infância

Você é uma vida
Você foi o momento
Você é algo que se distancia em função do tempo

Você é uma ciência
você é quem ensina
você transtorna a singularidade de tudo aquilo que raciocina.

domingo, 25 de novembro de 2018

rei do baile

eu tirei os meus demônios pra dançar
e foi assim que eu aprendi
que não poderia sempre escolher a música,
mas o ritmo dela sim

enquanto festejavam
eu me apequenava
enquanto riam, cantavam e dançavam
eu sério, murmurava parado

quando eu entendi que não poderia não dançar
eu compreendi que poderia mudar os passos
e assim o fiz dançando valsa com o ambiente em chamas

quando me dei conta, todos me acompanhavam
e o fogo que ali queimava quando eu perto se enfraquecia...
eu vi o fogo com outros olhos, eu vi vida em um novo dia.

quarta-feira, 21 de novembro de 2018

encontros

não conheço o eterno
e é por isso que me atrai,
curiosidade de permanecer dia após dia
entranhado na alma de quem me permitir
mapear de norte a sul e descobrir
a beleza que é 
a colisão do instante
com o sentimento 
e a formação do eterno enquanto memória.

domingo, 18 de novembro de 2018

quando não sou

você vem com frases prontas
e eu cansado de clichês
o verbo só se faz presente
quando não sou mais você

quando parte do meu medo
se desfaz da solidão
quando não sou mais você
toco o céu com os pés no chão

quando sou quem quero ser,
sem querer inato ser
vejo em mim um rio nascer...

quando já e quando vou
sou eterno soul amor,
sou pra mim, minha própria dor.

terça-feira, 6 de novembro de 2018

LUNÁTICO


Pare de buscar felicidade
no mesmo lugar que você perdeu
Mostre ao louco da insanidade 
O completo sã que em você transcendeu

Enfrente uma Quest para aumentar sua destreza 
De forma a treinar seu lado mais desamparado 
Seguindo em direção da linha tênue da fraqueza
Para não ser lembrado como o louco embriagado 

Há um ponto interessante em ser um louco dramático 
Normalmente você é muito inteligente para ser compreendido
Que fica difícil de expressar, e acaba taxado como lunático.
Talvez enigmático, prático, fanático, estático...mas, eu prefiro monocromático

Sou vários tons da mesma cor 
Não sou a mesma pessoa de várias pessoas
Eu sou várias pessoas de uma mesma pessoa
Decerto parece confuso, a influência da lua nos deixa profundo.

segunda-feira, 5 de novembro de 2018

coragem ao amor

eu não preencho meu vazio
com o que não me convêm
e eu não gasto o meu tempo
com o amor de outro alguém...

eu levo no peito
o fardo de ser sincero comigo mesmo
e nas costas
o alivio de cada paixão não vivida

eu sigo caminhando como quem
não sabe onde quer chegar
mas aprecia a todo instante
a beleza do lugar...

eu sigo amigo do amor...
mas ele lá e eu aqui,
e quando quiser me visitar
sei que será bem acompanhado...

sexta-feira, 2 de novembro de 2018

descompasso

incrível a mulher que conheci
e não assumi
malevolente, inusitada e presente
um anjo bêbado inconsequente

desses humanos tortos na vida
eu tive a compreensão da paixão
o mais algoz, desse ser avassalador
foi paixão crescente, ruptura e coerente dor

49 primaveras

Eu não ouvi até hoje um eu te amo que não fosse da minha mãe - que deve ter parado de dizer por volta dos doze anos - e só me dei conta da falta que isso me faz quando o machismo que eu fui inserido naturalmente inibe a mim de desejar ser amado, dizer eu te amo a outras pessoas, ser sensível e demonstrar afeto. Quanto tempo mais seremos bitolados do que há de mais catártico na nossa espécie? Sigo dando a cara a tapa propagando ainda mais afetividade após notar tamanho vazio no meu peito, oriundo de uma educação entranhada no patriarcado (e não que a culpa é do seu Isair, pois foi hereditário esse fardo). O que me permite ter fé no amanhã é conseguir me livrar dessas correntes, e empiricamente me basear para discorrer da ideia que se eu consegui num processo de auto-reflexão, você também consegue. Diga que ame aquele parente querido e verbalize esse amor - chamamos de abraço aqui onde moro - crie substantivos que derivem de afeto e verbalizem! Mas digam, falem tentem... Não sairá de primeira as vezes por bloqueio mental, mas vamos lá, não vai ser um "bloqueiozinho" que vai te deixar morrer ou ver alguém querido morrer, sem conseguir dizer que você o ama, né?

terça-feira, 30 de outubro de 2018

brio inato de um marujo saudosista

as paixões rasas são tentadoras
mas do que me adianta mergulhar de cabeça
em pessoas que não me suportariam
se na verdade
só o infinito do a(mar) me atrai?

quinta-feira, 25 de outubro de 2018

sinestesia

externa do peito toda enfermidade,
afoga em liberdade
e veste seu melhor sorriso
que é para o mundo sorrir de volta, amigo

que abordagem doce a vida tem
quando se olha com amor
para tudo que tem cor
e entende que é necessário vir o que vêm

bata o nariz e sangre (eles dizem)
limpe o machucado e cante (eles tornam a dizer)

acenda uma fogueira e dance (eles dizem)
chame os amigos e canse (não cansam de me dizer...)

faça-se imperador da sua vida
e impere verbos que disseminem felicidade,
harmônia é ser feliz
sozinho para depois ser a dois.

segunda-feira, 22 de outubro de 2018

cabeças de poeira

se envolver é pintar um quadro em branco
com alguém que você tem afinidade,
é ter Basquiat te observando
e não ter medo de fazer amor ou arte.

é se sujar em meio ao arco-iris das palhetas
escolher verde musgo e ela achar a cor perfeita
e que até usaria um all star daquela cor
e olha, meu bem... verde musgo é um horror.

é moldurar qualquer ato de insana liberdade
que em retratos só há desejo
de ser tão forte como a saudade

é não deixar de ter cortejo
ou contar o ansiosamente o tempo
para pintar na boca saudosos beijos.

domingo, 14 de outubro de 2018

de vento em popa

a vida prepara o amor
como o filho planeja o susto
minuciosamente arquitetado
e em um segundo impactado.

o amor recíproco é um susto destrinchado
se extrair cada milímetro
verá espanto, raiva, suspiro e um riso anestesiado

é uma boa teoria
se parar pra pensar que só recebemos sustos
de quem nos dá além de um bom dia.

sexta-feira, 12 de outubro de 2018

void

o vazio assola,
sigo atordoado e me pergunto "pelo o que?"
me pergunto
e não é retórico.
a concepção do vazio seria apenas a ausência de algo
mas o vazio tem me consumido aos goles,
desconstruindo o que aprendi da palavra
o vazio preenche e pesa,
consome e
corrói.
o vazio realmente
assola.

domingo, 7 de outubro de 2018

paulista

cada qual em sua frequência:
uns acelerados
e outros mais calmos,
mas sempre em frequência
procurando a sintonia exata,
aquela que transforma
e torna homogênea
as duas em só uma
essência progressiva.

domingo, 16 de setembro de 2018

capricho caiçara

essas paixões de verão
que são cravadas na areia com cinco metros da água...
tal qual as marcas deixadas naquela pele bronzeada
de um biquini curto, tão curto que me ameaçava...
e andava
e desfilava
só não pairava porque não tinha asas, 
mas que me lembrava um anjo, ah lembrava.

domingo, 9 de setembro de 2018

desembolsando afeto

esses dias na rua
andando como quem não quer nada
me veio uma criança de rua
dessas que a gente sente dó mas 
finge que não existe,
já estava sacando os trocados
quando fui surpreendido
"tio, me vê um abraço apertado"

quarta-feira, 22 de agosto de 2018

fragmentos

tem fragmentos da minh'alma 
em cada canto que passo,
fragmentos esses que se dissolvem ao tempo
e transformam tal canto
no afago de cada pranto 
que passei.

segunda-feira, 20 de agosto de 2018

fluídos

há quem diga que tudo dura
exatamente
o quanto tinha que durar,
por isso o que se foi já não há de ser mais o mesmo
e o que esta por vir será de inédito a imprevisível

ainda há quem faça martírio sobre o verbo:
deixar ir, permitir ficar ou não insistir...
e se foi, ora culpa de quem deixou ora do destino.

não sei ao certo mas a vida segue seu fluxo
independente de como se escolhe viver,
certo mesmo 
é que
é muito mais facil aceitar a vida como ela é
do que bater de frente 
e se derrocar com a insignificância do ser.

domingo, 5 de agosto de 2018

recalculando

se pudesse eu dosar os amores que tive,
com certeza eu retiraria a intensidade de uns
optando pela superficialidade em outros

feito criança brincando em ábaco
pra esquerda todo desperdicio amoroso
e pra direita todo amor quando presente foi a falta do mesmo

o que isso ocasionaria ninguém nunca irá de saber,
talvez o mundo entrasse em colapso
talvez ele alinhasse as almas...

talvez virasse felicidade,
quem sabe alegre poesia,
certo é que o hoje morre pra adubo de um novo dia.

quinta-feira, 2 de agosto de 2018

carnaval

água na boca
o meu desejo por você
e derrete entre as coxas
o mais devasso prazer

queima mas não arde,
soa mas não cansa,
fixa o olhar e descobre
a graça da nossa transa.

domingo, 22 de julho de 2018

Dos palmares, da vida

Nas brisas gélidas que me açoitam o rosto pela manhã,
O frio que faz é o calor que você poderia dar

Em cada corte gélido de um novo dia
Você é a parte do nó que desata de mim

Nessas manhãs que me açoitam,
O canto dos pássaros é acanhado,
A moça da rua não dá bom dia
E o sol aparece nas entrelinhas.

A nossa música é o eco
Que restou do encontro dos nossos corpos...

E nessas manhãs que me açoitam,
Escravo dos sentimentos, resistência,
Busco a carta de alforria
Para seguir a vida, numa manhã de um novo dia.

domingo, 1 de julho de 2018

embaraços

nos enrolamos e
criamos nós em nós,
que poderiam ter sido laços
de presentes,
relações...
nos embaraçamos em meio aos nós,
entrelaços singulares
que vinculados foram
e se encontram bipartidos.
desatou / nós .

domingo, 24 de junho de 2018

you / me

you had my soul
before my body

you got my taste
before my lips

you had everything you don't learned to use,
and when it happens

you had me
before you lose

quarta-feira, 20 de junho de 2018

há de haver

há de ser amor
e se não for...
há de ser dor.
há de se viver por respirar
e enquanto pulsar
há de ser brilho no olhar.

domingo, 10 de junho de 2018

Se minha vida fosse um som

Se minha vida fosse um som
ele seria assim: não tão barulhento
e nem muito silencioso. 
Ele seria constante.

Apesar dos apesares
das idas e vindas, 
dos cumprimentos e despedidas
ele seria assim: progressivo.

Uma bossa nova, com melodia em loop
feita em acordes com sétima e sétima menores
e percursão embutida ao punho sobre as cordas.

Não entendeu? Bom, talvez haja quem entenda,
mas certo é dizer que a vida é assim:
Incessante e sem razão.

terça-feira, 22 de maio de 2018

Quero

Eu quero que você sinta
o silêncio que sucede o som
e se derroca lentamente no vazio
Quero que você inspire, respire e expire
No compasso e no ritmo da nossa música,
E que segure a respiração quando a mesma acabar.

Eu quero dançar no mesmo lugar
Separados, sozinhos e depois juntos
Quero conduzir e me sentir seguro ao ser conduzido

Quero falar das coisas que eu vivi
E das saudades do que ainda não,
Quero poder sentir saudades de amigos e amores - mais de amigos do que de amores -
Quero também plantar novas escolhas,
Colher novos erros
Gerar frutos e ser podado.
Eu quero muita coisa
E é por isso também, que muita coisa tem me querido.

sexta-feira, 18 de maio de 2018

Fênix II

Na mais comum faísca da realidade
incinerei meus sonhos
e ateei fogo aos inimigos mais perversos:
Medo e insegurança.
Sobre as cinzas emergiram
apenas minha força
e esperança.

segunda-feira, 7 de maio de 2018

what if I

we are part of something special,
shining like the most beautiful star
but now
in another sky
you're special, another special.

domingo, 29 de abril de 2018

ferroada

saudade dói
só de lembrar 

afaga o peito em chama densa
aquece a alma irrita o corpo
escorre o rio olheira adentro

saudade dói
só de dizer

afoga tudo o que foi raso
transborda em mim mais de você
e lava em firme e forte fluxo

saudade dói
só de sentir

domingo, 22 de abril de 2018

carne de pescoço

é carne de pescoço
peixe em êxtase por sobrevivência
nas mãos a água que salta ao rosto
e por entre os dedos as lembranças

ampulheta
bussola
sol
e mar

um destino qualquer
no caminho algumas ilhas
terra à vista
içar velas, atracar.

terça-feira, 10 de abril de 2018

Quarto escuro

Cá me encontro frente a mesma tela
(seria a mesma se esta não fosse nova e aquela não houvesse queimado)
redigindo palavras e organizando sentimentos
ou seria ao contrário?
Sei que ao final desse dia rumoroso
a paz se finda em meio ao silêncio
e perambula sutilmente por entre o tic-tac do relógio
que na parede não cansa de me avisar que já se foram as horas úteis.
Faço hora extra pois então aqui me encontro feliz, e
de coração aquecido como quem não quer nada além de sossego,
determino como recompensa minha sanidade mental.
O expectador imagina mas não entende a graça que é o sentir.
É realmente uma benção o mundo como se é mas não deixa de ser uma desgraça desgovernada.
Preto fosco,
Cinza concreto.
A vida a noite não tem cores. São 23h31 e eu enxergo tudo embaçado
parado frente ao escuro
eu não vejo nada,
é quando abstraio que entendo que quem colore a vida
decide alaranjar o céu,
amarelar os dentes e
branquear os cabelos.

XXI

eu que sempre quis intensidade
encontrei
e frente a tamanho fogo
me apequenei

como qualquer covarde louco
faria
me escondi atras de quem jamais fui
um dia.

domingo, 8 de abril de 2018

labuta silenciosa

teu silêncio me ensurdece
como se a cada espaço de som vazio
a expressão de um grito ao pé do ouvido
me fadigasse imediatamente
sem mesmo ouvir um sussurro

a pulsação se vai
e esvai sequer ao som de um réquiem 

maçãs

eu não sei em qual curva a gente se perdeu
mas quando vejo seu sorriso
com pessoas que me são estranhas
eu dissolvo egoismo de felicidade
e entendo a empatia que é
querer sempre o bem de alguém
ainda que com outro.

domingo, 1 de abril de 2018

terça-feira, 27 de março de 2018

piratas

deixa eu me afogar no seu sorriso e
navegar nas águas do seu corpo,
sucumbir ao prazer
de conhecer novos horizontes
e saqueá-los,
de olhar pro céu
da sua boca e agradecer
a chuva que vem vindo - com trovões - 
das suas pernas

domingo, 18 de março de 2018

poesia de domingo

há quanto tempo eu não sentia
meu corpo sendo rompido
por minha alma empanturrada
de sentimentos que não vomitei,
ávidos por liberdade
e prontos para explodirem as paredes
com todo sufoco
enc
lau
sur
ado.

sexta-feira, 16 de março de 2018

eleva

você me faz acreditar no pós vida
o ateu que sou do amor
sublima e se transforma
no maior e fervoroso fanático
experiencia empírica
sabe que o seu toque
me eleva
até o paraíso.

sábado, 10 de março de 2018

sufoco

sempre em meio a multidão
seguindo a correnteza
mais um genio desconhecido
dentre tantos quantos
certa incerteza

sobre a luz dos holofotes
no silêncio dos figurantes
na hora H

travou

terça-feira, 6 de março de 2018

lava

encarno em vida o prazer
que são nossas almas
ao vibrar o encontro de nossos corpos
e entrar em erupção

jogando ao alto
peças de roupas e palavras devassas
que são ditas com os olhos
de quem tem vontade de amar.

sábado, 3 de março de 2018

Beira

Foi sabendo que era arriscado,
Mar traiçoeiro...
Foi sabendo que mar calmo
nunca fez bom marinheiro,
Foi com medo e foi aos trancos
foi-se indo e foi chegando.
Foi pensando na chegada
Que todo percurso árduo
Pôs na prancha pon-ta da tábua.

terça-feira, 27 de fevereiro de 2018

escombros

embriagado pela vida escorou no balcão,
pediu a melhor bebida daquele bar:
- uma dose de poesia pura

e resmungou ao por a mão no copo:
- que é pra ver se eu afogo a realidade
ou morro afogado por ela.

domingo, 25 de fevereiro de 2018

a room for two

dançamos no barulho 
causado
pelos passos
dados nesse chão
frio,
dançamos em silêncio
pelo encontro causado.

pelos abraços
dados nesse corpo
quente,
dançamos
como quem dança na chuva
e espera 
não se molhar.

terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

brasa mansa

acende em mim a chama
que é brasa mansa 
longe de você
que perdura noites em fogo fraco
mas em seu contato
incinera as cinzas
e faz acontecer.

segunda-feira, 12 de fevereiro de 2018

Cobra na panturrilha

O meu pecado é o silêncio,
é no meio do vazio
querer gritar "chega"
sem saber para quem ou o porquê
apenas para interromper
esse silêncio 
disfarçado de rotina,
o veneno que eu tomo todos os dias
e não me mata
pelo prazer de me ver agonizando
dia
após
dia.

domingo, 4 de fevereiro de 2018

Malignidade


Não confie em ninguém que não tenha maldade
Pois não tem algo a se preocupar,
Não é inclinado a ultrapassar os limites para amar
Não tem a malícia necessária...Para duvidar
Não confie em um astuto, que se deixe enganar



sexta-feira, 2 de fevereiro de 2018

Densidade

não diga falacias
não ouse sequer citar amor
em suas orações, suas preces,
seus devaneios cotidianos
que me consomem e te enaltecem
a troco de nada, em vão
o que de melhor há na espécie
hoje não passa 
de corrosivo,
combustível à vaidade.

quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

César

Percebo o primitivo no sexo,
Somos inatos animais selvagens
quando arranhamos, sentimos prazer,
aos entrelaços
subimos e dominamos
somos César. Também
somos Nero colocando fogo
em almas alheias,
incinerando o agridoce
belo e sujo
sublime ao mundo o ato mais natural
e também mais repugnado.
Somos hipócritas mas ainda sim
não deixaremos de ser.

estágio

O vazio te assola
o mesmo que hora companhia
agora te come nas entranhas

seu falso sorriso não cobre mais
a dor de ser quem se é
e por isso com os olhos, água aflição

tardia ou postuma
a transformação existe
com a graça da dificuldade

saudade e liberdade rimam
mas não combinam, o que pra tras ficou
o futuro libertou.

domingo, 14 de janeiro de 2018

Cirurgião

Operando borboletas
e extraindo flores mortas 
em seus estômagos
para fins que não justifiquem os meios.
a natureza há de ser
intrínseca no que há de melhor:
ser.

terça-feira, 9 de janeiro de 2018

board

i got so many memories
of your brown eyes
and are so ridiculous
how the shine

bright 

like a lighthouse
for those who see
far beyond the horizon

and guided by the compass
they / I live step by pass
in search of your wharf