quarta-feira, 22 de janeiro de 2020

pag. 3 e 5

Curioso caso: Cândido condenado
Cordial, confessou os crimes clichês
Cético, cauteloso, coeso e crítico
Cândido: cárcere cósmico e concavo.

Efémero, no escopo o escárnio explícito
Entretanto, entediado escreve emotivo
Erosões, emanam emancipação eterna
Estrangeiro, estrábico egoísta estúpido.

terça-feira, 14 de janeiro de 2020

O velho pub, 1889

Acorde,
enxague o rosto, vista seu melhor sorriso e enfrente o mundo!
Ou não.
Permita-se acordar gradativamente e que as remelas esvaiam-se gentilmente da concavidade dos seus olhos. Mas não esqueça de lavar o rosto, isso é importante.

Defronte a manhã seja ela ensolarada ou cinza-nublada,
Permita-se apreciar, sentir, existir e viver
E agora a pensar: o que você faria?
Faça ao contrário dessa vez, e faça porque você pode.
Pegue outro caminho para casa,
Beba outra cerveja, aquela que nunca bebeu,
Sorria nefastamente para o desconhecido, para o nada, para o inimigo!

"Irene, traga-me a melhor bebida que tiver!
Ou a pior... Ou apenas a que meu dinheiro puder comprar, tome, aqui! Apenas traga-me. Obrigado!"

Saia em plena terça-feira, chame os amigos e vire a noite como quem não tem nada a perder além da vida não vivida e seja livre. Tão livre para ter a paz de se emaranhar ao cobertor e hibernar pelo final de semana inteiro, sem qualquer badalação e que isso não corrompa o âmago da sua paz.


Combine amarelo com roxo, verde com vermelho. Faça um carnaval com o seu corpo.
Ou saia trajado inteiramente de preto, de luto, está tudo bem também.

"Irene? O que houve com meu copo que retornou vazio? Ora pois, essa mulher me deixa com os olhos semicerrados."

Estude, trabalhe, viaje o mundo e não necessariamente nessa ordem. Plante mandiocas, alfaces, arvore de acerola - Ah, quem resiste a um bom pé de acerola?
Duvide! Duvide de si, duvide do outro, duvide de tudo e até do ceticismo. 
Caia no abismo da dúvida, pois ela é o preço da pureza e arranque seu maior voô para os braços quentes de quem te acompanha desde pequeno.

Ajuste a cadeira, cuidado com a postura.
Volte alguns versos, leia com entonação e atenção. Ou apenas continue.

"Senhor? Não era sobre isso que falava? - e riu discretamente, antes de desabotoar o avental que cairá ao chão e ir embora."

Eu saboreio a vida como quem se flagela com os próprios erros.
No final - se é que há final - o preço da vida é 
único e exclusivamente
ser protagonista das minhas decisões. Certas ou erradas, apenas um ponto de vista

"Adeus, Irene, adeus!"




domingo, 5 de janeiro de 2020

Whiteboard

Com a tinta do caos
um quadro em branco foi pintado
embora passasse anos
jamais revelou-se seu significado

Passava-se o tempo
e inúmeros amantes da arte
as tentativas continuavam
mas nenhuma que o desvendasse

Surgiu então uma mulher
perdida em seu devaneio
olhou aquele quadro
e pensou que fosse espelho

A medida que se aproximava
maior foi sua identificação
aquele não era um quadro branco 
era reflexo do seu coração



segunda-feira, 30 de dezembro de 2019

Optometria disléxica

Sucinto e singelo, tom amarelo:
A cor que pede atenção e a tem.
Na luz do giroflex
a mão de quem atira 80 vezes 
é tão pesada quanto um dia cinza,
e o marrom abre espaço sob as pegadas
na poça vermelha do despreparo.
Aqui o verde não prospera.
Onde o filho chora e a mãe até vê, mas não pode fazer nada.
Marsala, bege, azul...
Quando se é pobre e morador de favela
você pode pintar cada barraco de uma cor
e ainda sim não vê a paz.


quinta-feira, 21 de novembro de 2019

Caesari quod est Caesaris

Aqui o tempo é ruim o tempo todo
E quem diz que não, é passageiro,
Breve a afogar as palavras
No vômito árido de sua ignorância.

Aqui o tempo é ruim o tempo todo,
O sol é estagiário contratado
E a liberdade sempre de greve.
Visita frequente? Saudade.

quarta-feira, 2 de outubro de 2019

Cinzas do Éden

Tenho em mim:
O existencialismo de Sartre,
A inquietação de Nietzsche
E as dúvidas de Sócrates.

Não há cura para as feridas
Que o conhecimento causa à alma
Os enfermos entranhados
Ecoam em cada mísera célula.

Alaridos vazios de sanidade
E exacerbados de anseios
Nessa jovem idade.

A vida é um breve sopro
No sol, o frescor e
Na sombra, a asma.

sábado, 14 de setembro de 2019

Capricho estoico

Novamente a noite me afaga
Como quem sussurra palavras ávidas
Enquanto a alma manifesta alaridos
Me sinto cansado porem vitorioso

Pois apesar do que não me satisfaz
Sigo edificado na conduta dos meus princípios,
O que me aproxima de quem sou
Ou quem penso que sou

Eu, que da noite sou refém
As vezes me entrego ao sadomasoquismo 
Que meus pensamentos insistem, 
Em prantos, chamar de hedonismo 

Alma calejada, consumada e erodida
Cara lavada, salinizada pelos riachos da vida.