segunda-feira, 13 de junho de 2016

Erosão

"O que foi que eu me tornei?"
Se perguntava toda noite
E cada pergunta era um açoite
"Onde foi que eu errei?"

Escravo da vida era
E não se havia a alforria
A cada primavera
Um suicidio acontecia.

Se não faltava comida
Faltava paz
Faltava os pais
Faltava vida.

Um corpo que não respondia
O que se perguntava
Uma alma já vazia
Onde não se habitava.

quinta-feira, 9 de junho de 2016

∞ Peças


Te conhecer foi importante
Pois descobri um quebra cabeça
E que o problema de não dar certo antes,
Foi que eu estava perto demais para ver a imagem que se formava

E só distante
Fitando entre as pequenas peças
Tive uma experiência incrível
Me apaixonei de maneira inesperada

Hoje vejo formada a imagem
Do que eu chamo de futura mulher
é como observar um complexo quadro
com a beleza das dunas de marapé

Não precisei te decifrar no exato momento
Deixei os nossos momentos revelarem qual era a peça certa
E depois de outros momentos
Queria que fosse minha namorada
[...bem depressa

quinta-feira, 19 de maio de 2016

Soneto do verbo

A dor que eu adestrei
Os acúmulos do que errei
Aquele sorriso falso
Sobre a solidão descalço.

A fé que eu abstive
E a esperança em declive
Todo aborrecimento
Sinônimo de pensamento

Tornar-se-ia invisível
Se não fosse o seu crível
Uma pequena chama incrível

Que musicou toda história
Semeou dores e glórias
Num caminho estreito de vitórias. 

quarta-feira, 4 de maio de 2016

O silêncio em seu sinônimo

Quando a boca se cala 
E se faz refem a fala
A alma não atura
E se esvai da criatura.

Quando se omite o ato
Seja de bem ou abstrato
O coração se endurece
Feito gesso, enrijece.

Quando não se inala o amor
E não se expira toda a dor
Nosso frágil corpo perece
E nossa mente adoece.

Quando se e não obstante
Fazer do momento, importante
Jaz aqui todo o afeto
Que fez-se em mim desde um mero feto.

domingo, 17 de abril de 2016

Corrosión

Ao anoitecer se exibe a aurora
E me sinto menos só, sedento
Por anseios do agora,
O que se reserva é sofrimento...

Não basta viver se não sentir!
E não abstenho-me do amor
E deixa-lo fluir.

Sou a dor de quem já casou a alma
E sofreu aborto prematuro.
Sou toda a calma, que agora fez-se trauma.

terça-feira, 12 de abril de 2016

Sangue dos meus

Meu povo sangra!
De amor,
De dor,
E sobre o terror
Meu povo sangra!
A cada filho que vai antes dos pais
A cada tiro dado em nome da paz
Meu povo sangra...
E a cada facada que leva, se regenera
Ao passo que o ódio o acelera
Meu povo sangra.
Mas um hora isso estanca
E quem sangrará é 
O dono da banca.

segunda-feira, 4 de abril de 2016

Dos diversos anseios que em alguém habita

Quisera eu não ser só vontade
Em um mundo onde se sacia
Toda a libido em uma só orgia
E se abdica toda a verdade

Pudera eu ser uma entidade
Na qual o povo todo acredita
Seguindo a velha ditadura escrita
Que se derroca em cada divindade

Quisera eu ser dono de mim mesmo
Matar adentro de forma eficaz
Tudo aquilo que não me traz paz
E florescer um novo romantismo

Pudera eu ir bem mais além
Romper os laços e falsos sorrisos
E num pequeno gesto de improviso
Ver a mim dos olhos de outrem.