domingo, 9 de setembro de 2018

desembolsando afeto

esses dias na rua
andando como quem não quer nada
me veio uma criança de rua
dessas que a gente sente dó mas 
finge que não existe,
já estava sacando os trocados
quando fui surpreendido
"tio, me vê um abraço apertado"

quarta-feira, 22 de agosto de 2018

fragmentos

tem fragmentos da minh'alma 
em cada canto que passo,
fragmentos esses que se dissolvem ao tempo
e transformam tal canto
no afago de cada pranto 
que passei.

segunda-feira, 20 de agosto de 2018

fluídos

há quem diga que tudo dura
exatamente
o quanto tinha que durar,
por isso o que se foi já não há de ser mais o mesmo
e o que esta por vir será de inédito a imprevisível

ainda há quem faça martírio sobre o verbo:
deixar ir, permitir ficar ou não insistir...
e se foi, ora culpa de quem deixou ora do destino.

não sei ao certo mas a vida segue seu fluxo
independente de como se escolhe viver,
certo mesmo 
é que
é muito mais facil aceitar a vida como ela é
do que bater de frente 
e se derrocar com a insignificância do ser.

domingo, 5 de agosto de 2018

recalculando

se pudesse eu dosar os amores que tive,
com certeza eu retiraria a intensidade de uns
optando pela superficialidade em outros

feito criança brincando em ábaco
pra esquerda todo desperdicio amoroso
e pra direita todo amor quando presente foi a falta do mesmo

o que isso ocasionaria ninguém nunca irá de saber,
talvez o mundo entrasse em colapso
talvez ele alinhasse as almas...

talvez virasse felicidade,
quem sabe alegre poesia,
certo é que o hoje morre pra adubo de um novo dia.

quinta-feira, 2 de agosto de 2018

carnaval

água na boca
o meu desejo por você
e derrete entre as coxas
o mais devasso prazer

queima mas não arde,
soa mas não cansa,
fixa o olhar e descobre
a graça da nossa transa.

domingo, 22 de julho de 2018

Dos palmares, da vida

Nas brisas gélidas que me açoitam o rosto pela manhã,
O frio que faz é o calor que você poderia dar

Em cada corte gélido de um novo dia
Você é a parte do nó que desata de mim

Nessas manhãs que me açoitam,
O canto dos pássaros é acanhado,
A moça da rua não dá bom dia
E o sol aparece nas entrelinhas.

A nossa música é o eco
Que restou do encontro dos nossos corpos...

E nessas manhãs que me açoitam,
Escravo dos sentimentos, resistência,
Busco a carta de alforria
Para seguir a vida, numa manhã de um novo dia.

domingo, 1 de julho de 2018

embaraços

nos enrolamos e
criamos nós em nós,
que poderiam ter sido laços
de presentes,
relações...
nos embaraçamos em meio aos nós,
entrelaços singulares
que vinculados foram
e se encontram bipartidos.
desatou / nós .