sexta-feira, 2 de novembro de 2018

49 primaveras

Eu não ouvi até hoje um eu te amo que não fosse da minha mãe - que deve ter parado de dizer por volta dos doze anos - e só me dei conta da falta que isso me faz quando o machismo que eu fui inserido naturalmente inibe a mim de desejar ser amado, dizer eu te amo a outras pessoas, ser sensível e demonstrar afeto. Quanto tempo mais seremos bitolados do que há de mais catártico na nossa espécie? Sigo dando a cara a tapa propagando ainda mais afetividade após notar tamanho vazio no meu peito, oriundo de uma educação entranhada no patriarcado (e não que a culpa é do seu Isair, pois foi hereditário esse fardo). O que me permite ter fé no amanhã é conseguir me livrar dessas correntes, e empiricamente me basear para discorrer da ideia que se eu consegui num processo de auto-reflexão, você também consegue. Diga que ame aquele parente querido e verbalize esse amor - chamamos de abraço aqui onde moro - crie substantivos que derivem de afeto e verbalizem! Mas digam, falem tentem... Não sairá de primeira as vezes por bloqueio mental, mas vamos lá, não vai ser um "bloqueiozinho" que vai te deixar morrer ou ver alguém querido morrer, sem conseguir dizer que você o ama, né?

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