Helsinque

Faz frio lá fora mas o inverno 

já se faz presente há algum tempo por aqui.

Nesse breu, o cântico ecoa suavemente enquanto

as memórias vem a tona.

Pudera eu viver sem me arrepender,

só que assim não aprenderia.

Pudera eu viver sem errar,

mas... Assim eu não existiria.

bonsai

 nós construímos lentamente

sob alaridos que ecoam em nossa cabeça

ideias das quais transbordam esperança

e medos que limam nossas escolhas

de carne somos mas se assim não fossemos:

enquanto planta, nos podaríamos

enquanto animal, nós fugiríamos

e enquanto vivos,

viveríamos ou existiríamos?

colheita

 a vida que eu estimo hoje
não é a mesma que almejo,

e talvez eu colha, em algum momento

não muito distante do futuro,

frutos dos quais eu precise de limão e sal

pra digerir junto com as incertezas,

 o gosto amargo do fel.

lil august

e enquanto as lagrimas forem o sangue da alma, 
o que erode é algo 
entre o sublime e o eterno,
feito pra sonhar, feito pra viver.

Oráculo

E diga lá pra onde é que tu vai

nesse teu passo incerto

e olhar assustado

de quem quer o mundo mas tem medo dos prédios...

Diga lá, com essa dicção confusa

e esses pensamentos enrolados

aonde é que você quer chegar?

mas diga lá e além de dizer, diga com tamanha certeza

que se mudar de ideia será um pecado aos olhos deles,

aos olhos deles... não somos nada.

diga se olhando no espelho ou

diga de olhos fechados,

fale, 

grite 

ou cante:

aonde é que eu quero chegar?

hedonismo

há dias em que tudo me é licito

mas nem tudo me convém e

há dias em que nem tudo me é licito

e é ali onde me encaixo.

porque quando viver se torna

expressar-se genuinamente,

a vida para de ser um ato de resistência

e os alaridos ecoam prazeres.

transitório

volúvel, volátil, incerto ou duvidoso

errado, irreal, inexato ou injusto

quem é que é capaz de orientar o coração

na medida em que se mergulha na relação?