escombros

embriagado pela vida escorou no balcão,

pediu a melhor bebida daquele bar:

- uma dose de poesia pura

e resmungou ao por a mão no copo:

- que é pra ver se eu afogo a realidade

ou morro afogado por ela.

a room for two

dançamos no barulho 

causado

pelos passos

dados nesse chão

frio,

dançamos em silêncio

pelo encontro causado.

pelos abraços

dados nesse corpo

quente,

dançamos

como quem dança na chuva

e espera 

não se molhar.

brasa mansa

acende em mim a chama

que é brasa mansa 

longe de você

que perdura noites em fogo fraco

mas em seu contato

incinera as cinzas

e faz acontecer.

Cobra na panturrilha

O meu pecado é o silêncio,

é no meio do vazio

querer gritar "chega"

sem saber para quem ou o porquê

apenas para interromper

esse silêncio 

disfarçado de rotina,

o veneno que eu tomo todos os dias

e não me mata

pelo prazer de me ver agonizando

dia

após

dia.

Malignidade

Não confie em ninguém que não tenha maldade

Pois não tem algo a se preocupar,

Não é inclinado a ultrapassar os limites para amar

Não tem a malícia necessária...Para duvidar

Não confie em um astuto, que se deixe enganar

Densidade

não diga falacias

não ouse sequer citar amor

em suas orações, suas preces,

seus devaneios cotidianos

que me consomem e te enaltecem

a troco de nada, em vão

o que de melhor há na espécie

hoje não passa 

de corrosivo,

combustível à vaidade.